Blog do Celso / Sequestraram meu tédio
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Estive aqui pensando em como a percepção sobre o tédio mudou para mim e talvez tenha mudado para outras pessoas também, e o vilão, mais uma vez, é o mesmo. 

Lembro-me de quando eu era criança, uma criança que cresceu em apartamento no centro da cidade, sem amigos. Era eu, meus pais e minha irmã, ligeiramente mais velha. Lembro-me de sentir tédio com frequência, um tédio inquietante, mas ao mesmo tempo gostoso e criativo. Logo eu estava mexendo em alguma gaveta abarrotada de trecos, nem que fosse para ler um rótulo de um remédio vencido há anos, mas lá estava eu. Ou tinha a TV, com pouquíssimo conteúdo para eu ver e eu que me virasse com aquilo.  

Hoje, se eu me sinto entediado, eu automaticamente saco o celular do bolso pra ver o que está acontecendo. E o tédio frequentemente se transforma num sentimento de raiva. Raiva porque eu sei que ele não resolve meu tédio e ainda por cima me expõe a uma infinidade de coisas irritantes que a internet consegue trazer. Raiva também porque não consigo exercer muito controle sobre esse impulso. 

Eu há de encontrar a solução pra isso.