Perdi minha mãe em 2024. Perdi meu pai em 2016. Tenho 31 anos. No entanto, já gostaria de alinhar as expectativas de que não tenho intenção alguma de definir algo por aqui ou me basear em definições acadêmicas. Quero só desabafar.
Perdi minha mãe em agosto de 2024, na semana do meu aniversário de 31 anos, também na mesma semana que voltei de férias de uma deliciosa viagem pela Espanha. Também na mesma semana que fui promovido no trabalho. Obviamente não pude nem comemorar essa última, que não comemorei até hoje, junto com meu aniversário que também passou despercebido.
As pessoas foram sabendo aos poucos e logo queriam prestar suas condolências… virtuais. Evitei ao máximo falar com muitos sobre o ocorrido, me reservando aos realmente próximos. Já num projeto de me distanciar de redes sociais, também não postei nadinha no Instagram. Imaginem postar sobre uma perda desse tamanho em uma rede como o Instagram e ter de responder condolências virtuais ou reações de emoji chorando de pessoas que pouco me importam e que também pouco se importam comigo? Imaginem ter de explicar o ocorrido para, sei lá, 80 cabeças? Sinto coceiras só de pensar.
O imediato luto nos tempos modernos é ter de responder mensagens, muitas mensagens. “Estou aqui para o que precisar” e obviamente não estará. Foram cinco dias corridos de licença nojo/óbito no trabalho. Quem se recupera em cinco dias? No primeiro dia após a licença, muito apoio. Uma semana depois, ninguém mais se lembra, a vida de todo mundo continua. Ninguém é obrigado a se lembrar. A sua vida também continua, mas de um jeito completamente diferente e óbvio, enquanto você diariamente se lembra. Você precisa trabalhar mais, afinal foi promovido, é necessário honrar seu mérito. Vida que segue, a vida de todo mundo seguiu.
Você precisa seguir. Você é obrigado a seguir. Os “estou por aqui para o que precisar” ficam empilhados em algum “lugar” virtual por aí. Use-os quando necessário.