Blog do Celso / Como foi viajar para a Islândia [parte 2]
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Continuando a contar meus dias de viagem para a Islândia:

Dia 3: Passeios pelo Golden Circle

Como eu não dirijo, precisei arrumar jeitos alternativos-não-tão-alternativos para conhecer o país. Eu digo isso porque é muito comum que se alugue um carro e que se faça uma viagem pela Ring Road, uma estrada que faz uma espécie de círculo por toda a ilha. No meu caso, eu defini pontos de interesse (foquei na capital, pontos no sul do país e pontos ao norte) e busquei modais para consegui chegar a esses pontos. Como lá não tem trem, você precisa se virar participando de tours, indo de avião (entendi que existem outros dois aeroportos locais comerciais na ilha além do de Reykjavik) ou de ônibus. 

Aproveitando que eu estava já em Reykjavik, escolhi como meu primeiro tour um passeio no Golden Circle, que é um local próximo da capital com uma porrada de locais interessantes para se visitar, que você consegue fazer em um dia só. Eu particularmente tenho um pouco de preconceito com tours porque sinto que perco minha autonomia, maaaas foi a opção mais viável. E foi bem mais legal do que eu esperava. 

Escolhi um tour por um desses sites de experiências. Tentei escolher o que tivesse mais paradas interessantes ao mesmo tempo que o grupo não fosse gigante, além do preço. No dia 11, me buscaram na porta do meu hotel mesmo. 

O pequeno ônibus estava abarrotado de jovens americanos, mais alguns latinos pingados e vários europeus. No início do trajeto rolou uma dinâmica de quebra-gelo (pqp!!!!!) e aconteceu o que mais amo: a pergunta “de onde você é?” com pessoas normais respondendo o país enquanto os americanos respondiam suas cidades e estados, como se todo mundo fosse obrigado a conhecer. Dei umas reviradas de olho, mas continuamos. 

A primeira parada foi na Kerið Crater, uma cratera vulcânica antiga cheia de água. Não é tão interessante pessoalmente, mas vale o check. Depois seguimos para a mais antiga casa de banho ativa da Islândia. 

A Islândia é historicamente conhecida por essas casas de banho públicas com águas geotérmicas. O país é frio pra cacete, então realmente faz todo sentido construir espaços de socialização em espaços de águas naturalmente aquecidas. A Secret Lagoon (ou Gamla Laugin) é um desses espaços. O lugar é bem honesto comprado às casas de banho mais modernas e caras que pipocaram pela Islândia nos últimos anos e isso deixa o lugar especial. Chegamos lá e já foi dada a instrução: para entrar na piscina você precisa tomar um banho e precisa fazer isso pelado, para reduzir riscos de contaminação da água. Prontamente obedeci e fui feliz por conseguir ficar tranquilamente pelado num ambiente com mais 15 homens, todos cuidando dos seus negócios, sem incômodos. Um bloqueio da vida desbloqueado ✊




Ficamos umas horas por lá e nossa, que momento maravilhoso. Uns 10 encostos que me acompanhavam por anos ficaram naquelas águas quentes.

Depois disso seguimos para uma famosa cachoeira chamada Gullfoss. Belíssima, maginifica, babilônica, mas um local cheio de turistas que mal dá para andar. Você sai satisfatoriamente molhado mesmo sem estar muito próximo da queda d’água.

Próxima parada: Geysir. Um parque de géiseres, aquelas coisas que ficam cuspindo água quente e vapor (e fedor de enxofre) a cada X minutos. Parada obrigatória porque é uma coisa que você provavelmente verá pouquíssimas vezes ou nenhuma na vida.

Eu esperando o géiser pipocar atrás de mim. 

Próxima parada: Þingvellir. É um parque nacional localizado exatamente numa área entre duas placas tectônicas. Isso confere uma geografia bem diferenciada, você meio que vê por vários quilômetros um grande vale formado. Ali também foi uma espécie de parlamento no passado distante, por conta da acústica facilitada da região. Lá rolavam vários julgamentos e execução de penas de morte. 

O lugar é bem magnífico, mas eu já estava quebrado fisicamente nesse momento. De qualquer forma, outra parada obrigatória.

Voltamos à noite para Reykjavik e prontamente saí do hotel para tomar umas cervejinhas e aproveitar a noite da cidade, já que partiria para Akureyri no outro dia. Reykjavik 💕

Dia 4: Ida para Akureyri ✈️

Raiou o dia (que na verdade meio que nunca anoitece no verão) e comecei a me organizar para ir para Akureyri. Ao norte da ilha, essa é a segunda maior cidade do país com menos de 20 mil habitantes. A segunda maior cidade da Islândia tem menos habitantes que qualquer pequeno bairro de São Paulo ou que 4x o Edifício Copan 🤯

Essa rota eu decidi fazer de avião e por sorte o aeroporto doméstico da capital ficava a 10 minutos de caminhada do meu hotel. E mais uma vez falando sobre tamanhos: o aeroporto é minúsculo, operado exclusivamente pela Icelandair e não tem raio X. Você faz uma fila para ir para a sala de embarque e espera chamarem para o embarque, que é só mais uma fila sem raio X, sem qualquer checagem de segurança!

O voo foi super tranquilo e em aproximadamente 1h eu estava pousado em Akureyri.



A cidade fica numa área bem montanhosa, localizada numa espécie de canal para o mar. O pouso foi bem bonito e o aeroporto da cidade é ainda menor que o da partida, o que deixou a experiência ainda mais diferenciada.

Como o aeroporto também não é muito longe do centro, decidi ir andando, com malas e tudo. Me arrependi depois? Um pouco porque no fim eram 4 km, mas como o país não tem carros de aplicativo e eu estava para curtir a cidade, achei que valeu a pena andar com calma e conhecer o caminho. Fui direto para meu hotel de cápsula deixar minhas coisas. Isso mesmo, peguei uma estadia de duas noites num hotel de cápsulas, o primeiro da minha vida!

Checkin feito, coisas organizadas na minha cápsula, então decidi andar pela cidade. Bateu a primeira crise: a cidade é minúscula, no estilo vila de uma rua principal e estava LOTADA de turistas americanos de terceira idade que abarrotavam qualquer restaurante ou loja da cidade. Não disse que a cidade ficava numa espécie de canal? Então, provavelmente essa é a melhor geografia para ter um porto nela. Estavam ali atracados no porto uns dois ou três navios de cruzeiro imensos que provavelmente saíram dos EUA e fizeram uma parada na cidade. 

Eu fiquei meio em crise porque esperava uma cidade calma e me deparei com uma agitação estranha e artificial. Cogitei jantar num Subway, mas acabei achando um restaurante de sushi de esteira que estava vazio e lá me alimentei. Logo depois fui procurar algum bar, mas todos estavam abarrotados. P da vida, entrei num bar/hostel exatamente na frente do meu e pedi uma cerveja. Em pouco tempo me vi amigo do pessoal que frequentava o bar diariamente: alguns trabalhavam ali (dois portugueses e uma polonesa) enquanto os outros que frequentavam eram amigos dos que trabalhavam. 

Fiquei no bar por horas, conversei sobre tudo com o pessoal da ali e estava aberto a convites de after parties. Depois que o bar fechou fomos comer algo na rua e acabamos fazendo amizade com dois italianos que estavam também de visita na cidade. Certa hora da madrugada me encontrei bebendo e fumando 🍁 na casa da portuguesa, com todos os outros agregados. Experiências!



Voltei para o hotel por volta de umas 5 da manhã completamente bêbado & chapado e com um agravante: eu tinha um tour marcado para o outro dia às 9 da manhã.

Continuo no próximo post.